quarta-feira, 28 de julho de 2010
Saudade deslocada
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Sonhei...
sábado, 24 de julho de 2010
Nostalgia
Sinto falta da tua imagem a me exaltar, do teu abraço a me acolher, da tua mão junto à minha me levando a imaginar algum futuro, do teu perfume que me queima o nariz quando eu lembro do pouco tempo que tivemos juntos, do teu sorriso de lua minguante, tão alegre e espontâneo que por um momento se esvai, então eu me lembro do teu olhar desalentado a me perturbar. Mas apesar de tudo isso, eu estou feliz. Não feliz por mim mesma. Feliz pois minha atitude, a mais cruel atitude, te faz feliz hoje, a felicidade que eu não pude dar no tempo que eu te tive nos meus braços. A felicidade que eu vejo em você hoje, ao meu olhar, ao alcance a ponto de você não me ver ou notar. Ou você não sente a minha falta ou não quer senti-la, então finge que não estou, que nunca existi. Eu fiz isso no início. Mas a nostalgia domina meu mundo, me debruça pra falar com você. Mas a razão tira a minha voz. E você não percebe meu desespero. Nem eu mesmo percebia o meu desespero. Já me acostumei com a dissimulação do sofrimento, nisso eu já sou profissional. Isso acontece com pessoas sonhadoras. Então fazemos uma linda prisão de vidro e colocamos toda recordação lá dentro. Isso rebela a saudade, que resolve destruir aquela utopia anacoreta. As recordações se esvaem para todos os lugares e para todas as direções. E olhar só para elas não basta, você quer tocá-las e vive-las, mas elas já viveram muito tempo em prisão e não querem mais nada que a prendam. Querem liberdade, mas te perseguem pra te agonizar. Recordação é uma coisa cruel. No dicionário recordação deveria ser sinônimo de tortura. Ou tortura é sinônimo de recordação?
Passa, tudo passa.
Eu ando lembrando e sofrendo,. E sinto saudade. E muita. É bom. Me alivia em relação às preocupações. Alívio pois já passou a parte pior, o corte anestesiante, profundo e ronceiro, que nos sangra e não conseguimos notar. Isso vai nos esgotando. E quando o desgaste já é total, a dor cega e confunde, não nos permite entender e lembrar a razão do fim. Isso é lancinante, e por mais que tentemos, não conseguimos enxergar o fim dessa dor, pois o óculos da razão nos foi tirado, e nós não somos capazes de enxergar sem eles. E o castelo de vidro que você fez da tua vida, tão frágil, é derrubado com apenas um toque, poucas palavras. Então você pensa que não vai passar, que cada dia que passa um pedaço teu será tirado e jogado em algum lugar impossível de encontrar. Mas isso passa. Tudo passa.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
São só coisas pequenas
Num belo dia eu descobri as coisas pequenas. Na verdade não foi bem isso que eu descobri. Descobri que as coisas pequenas estão sempre nos acompanhando, seja aonde for, quando for, elas estão lá, esperando você perceber-las. Elas ficam quietinhas, no seu canto, esperando o momento em que você se dá conta de que elas existem para dar o seu ensaiado salto acrobático pra nos surpreender (e elas vivem fazendo isso, já é comum), e nos faz entender muita coisa que nós não entendemos até notá-las, certa epifania. É quando você pensa: "Cadê a luz, se tudo a minha volta é sombra e treva?". E muitas vezes você só nota elas quando você está no escuro, quando a sua volta nada é bom, quando alguma coisa te falta. Nesse momento você percebe que tudo o que você julgou grande e importante nem sequer podem ser comparados as coisas pequenas, e são essas coisas pequenas que nos fazem querer olhar pra frente e nos fazem enxergar melhor a situação, ver a saída e a solução. No final, essas coisas pequenas não são tão pequenas e invisíveis quanto você pensava, era apenas você que não dava a atenção e tamanho proporcional a sua importância.
Flor de Diamante
E foi assim que terminou... Ou começou? E me veio aquela dor, uma dor de perda eterna, e eu nem tive a possibilidade de restaurar o que perdi em vão, como um espartilho que me sufoca e me impede de respirar o ar da satisfação de quem esteve com alguém e fez essa pessoa feliz. E esse espartilho que me afina tão dolorosamente me torna, apesar de mais forte, mais triste e perturbada, como se o que eu sou já não fosse o bastante. Pois a aparência forte e de sentimentos balanceados não são nada mais do que aparências, e por dentro, em um lugar que ninguém vê, tem uma flor de diamante, com uma capacidade enorme de cortar, mas que, também, se quebra com facilidade.